sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mais meios de apoio à paralisia cerebral


Mais meios de apoio à paralisia cerebral

A presidente da Associação de Paralisia Cerebral de S. Miguel fala sobre a doença e como a instituição reúne esforços para proporcionar melhor qualidade de vida aos que por ela são afectados.

Em 2005, foi fundada a Associação de Paralisia Cerebral de S. Miguel (APCSM), criada por um grupo de pais, técnicos e amigos de crianças, jovens e adultos, portadores da doença, de situações neurológicas afins e outras, no sentido de melhorar a sua qualidade de vida e a das respectivas famílias.

A APCSM funciona em acordo de gestão celebrado com o Instituto de Acção Social (IAS) desde Dezembro de 2007, sendo que em Outubro de 2008 inaugurou as suas actuais instalações.

A presidente da direcção do APCSM explica que a paralisia cerebral é classificada de acordo com a natureza da perturbação do movimento que predomina: espástica (em que há um aumento do tónus muscular e a capacidade de relaxamento muscular da zona envolvida é limitada), atetose/distonia (presença de movimentos e posturas involuntários) e ataxia (perturbação do movimento e equilíbrio).

Na APCSM, segundo Teresa Mano da Costa, a perturbação de movimento mais comum é a espástica sendo que “em todas as formas de paralisia cerebral, a fala pode ser difícil de entender porque a criança tem dificuldade em controlar os músculos que intervêm na pronúncia das palavras. A maioria das crianças com paralisia cerebral, para além das perturbações motoras, tem outros problemas, tais como, perturbações visuais e auditivas, epilepsia, atraso cognitivo, dificuldades de aprendizagem e défice de atenção.


Nas formas quadriplegias são, ainda, comuns dificuldades alimentares, perturbações nutricionais e infecções respiratórias. As alterações motoras da paralisia cerebral aumentam ainda o risco de patologia ortopédica secundária”.

A responsável indica que “apoiamos em regime ambulatório e em intervenção directa 25 crianças e jovens, das quais só nove frequentam a Ludoteca por limitação do espaço físico. Temos em lista de espera seis crianças, número que, impreterivelmente, irá aumentar todos os anos”. Quanto à equipa de trabalho que compõe a instituição, segundo a presidente “actualmente trabalham na APCSM sete funcionários dos quais quatro técnicos (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicóloga e técnica de Ciência da Educação), estando, assim, a equipa técnica da associação ainda incompleta.


Consideramos urgente a admissão do terapeuta da fala, cujas funções englobam várias áreas, tais como fala, motricidade orofacial, linguagem, voz, audição e distúrbios de leitura e escrita”. Refira-se que os funcionários da APCSM trabalham todos em regime de voluntariado, após o horário laboral.

As causas mais frequentes de paralisia cerebral infantil são pré-natais (antes do nascimento da criança) nas quais se destacam malformações cerebrais que podem advir de exposição a tóxicos ou infecções durante a gravidez. Há ainda as causas peri-natais, em que as lesões cerebrais se instalam durante ou pouco tempo depois da gravidez como é o causo dos bebés que sofrem de asfixia grave ao nascer ou de hemorragias cerebrais. Após o nascimento, é possível a paralisia cerebral decorrer de asfixia, traumatismo craniano ou sequelas de infecções afectando o cérebro. Durante este ano de 2010, a APCSM tem levado a cabo várias actividades nomeadamente: formação e comunicação aumentativa/alternativa e tecnologias de apoio (em que os formandos foram essencialmente professores de educação especial e terapeutas de fala ocupacionais). Decorreu ainda o projecto “Não falar não é o mesmo que não ter nada para dizer (que apostou na intervenção precoce, na comunicação aumentativa e alternativa e a importância de brincar) e a campanha “Toca a juntar, toca a ajudar” (que consistiu na divulgação e sensibilização da comunidade que se uniu e juntou três toneladas de plástico para reciclar em prol de uma cadeira de rodas).

De relevar ainda a organização de um workshop multidisciplinar no Teatro Micaelense, que visou promover o desenvolvimento e a exploração de competências de expressão artística nas pessoas com e sem capacidade.

“Continuaremos a insistir junto de quem nos possa ajudar, a fim de que não se deixe de dar uma resposta eficaz às crianças/jovens com paralisia cerebral nos Açores.” conclui Teresa Mano da Costa.

Fonte: http://www.expressodasnove.pt/interiores.php?id=5872

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