Lei sobre Síndrome de Down inclui excluindo
Se a educação é um direito de todos, uma lei é questionada pelos pais pelo caráter de inserção e não inclusão
A inserção de crianças portadoras de Síndrome de Down  em escolas regulares continua sendo um grande desafio. E não só para as  próprias crianças especiais, como também para todas as pessoas que  participam ativamente desse ambiente. A falta de capacitação de  profissionais, a discriminação e o desconhecimento da doença por parte  de outros alunos são fatores que dificultam cada vez mais a adaptação  das crianças na sala de aula.
Com o intuito de garantir a  inclusão de crianças de sete a 14 anos com deficiências físicas e  intelectuais, foi criado em 25 de agosto de 2006 um acordo que realça a  educação inclusiva como direito de todos. No entanto, o direito à  educação se tornou obrigatório e para alguns pais de crianças portadoras  de alguma necessidade especial, a lei promove a inclusão, mas não a  integração.
"Essa resolução é um esforço para que haja inclusão,  mas é importante respeitar a vontade e direito da pessoa. Por mais que  tenha anos que essa lei exista ainda não funciona, pois tem que ser  estudada uma forma de realizar a inclusão em médio prazo, para que não  haja traumas. E, se em países desenvolvidos, como o Canadá - em que tal  lei demorou a ser desenvolvida na prática -, aqui no Brasil não será  diferente. Isto é, em países em desenvolvimento a implantação da lei  demora cerca de dez anos", afirmou o presidente da Associação de Pais e  Amigos de Excepcionais (Apae) de Vitória, Rodolpho Dalla Bernardina  (foto).
O presidente da Apae-Vitória sabe bem como funciona na  prática a implantação de tal resolução. Ele, que tem uma filha portadora  da Síndrome de Down, Fernanda, de 22 anos, pode presenciar de perto as  falhas na assistência educacional do Estado. "Talvez essa lei funcione  para crianças que tenham deficiência física, mas intelectual é  extremamente difícil. Minha filha estudou o tempo todo em escola  regular, mas não teve condições de se alfabetizar", comentou.
A  ausência de conhecimento acadêmico pelos professores que atuam em  escolas regulares é o principal fator para que o desempenho do aluno com  necessidades especiais seja decrescente e evasivo. "Os alunos que são  portadores de qualquer tipo de deficiência necessitam de cuidados extras  para que a educação seja de fato concebida. Especialmente quando se diz  respeito às crianças que tenham deficiência intelectual. O ensino tem  que ser qualitativo, pois caso contrário a alfabetização se torna  extremamente difícil. A preparação dos profissionais é insuficiente, já  que não há professores qualificados", disse Dalla Bernardina.
Pais se preocupam com a exclusão imposta da lei
Além da ineficiência de métodos pedagógicos nas  escolas regulares, a lei Nº 11.274/2006 apresenta algumas falhas no que  diz respeito à educação inclusiva. Isso porque os adolescentes  deficientes acima de 14 anos não têm direito, o que faz com que alguns  pais questionem a inclusão do portador da Síndrome de Down na escola.
"Não  é dessa forma que vamos conseguir mudar o histórico social de nosso  país. As mudanças têm que ser feitas em prol de todos, ao invés de ser  criada uma nova exclusão. E, se a lei beneficia apenas as crianças de  sete a 14 anos, ela é exclusiva. Já que visa apenas uma parcela da  população", afirmou Bárbara Geovaneli Freitas Lima, mãe da Geovanna, de  19 anos - também portadora da Síndrome de Down.
Para a associada  da APAE-Vitória há mais de 25 anos, a aposentada, Maria Zilda Pellacani,  a lei deveria abranger todas as crianças e adolescentes além de ter  opções de ensino em turnos matutino ou vespertino, para evitar qualquer  tipo de preocupação a mais.
"Eu acho que essa lei beneficia as  crianças com deficiência de uma forma geral. Mas ela não ampara a todos  os adolescentes portadores de deficiência, pois quando não são mais  crianças, o ensino disponibilizado é apenas na parte da noite. Qual o  problema desses adolescentes terem acesso à educação em outros turnos  como, o matutino? Eu fico extremamente preocupada de a Fernanda (a  filha) estudar no período noturno e, por isso, não deixo ela ir às  aulas", explicou.
Fonte:
http://www.eshoje.com.br/portal/leitura-noticia,inoticia,7039,lei+sobre+sindrome+de+down+inclui+excluindo.aspx 






